Do jardim à UTI: a história da jardineira de um hospital que virou técnica de enfermagem no Ceará

Do jardim à UTI: a história da jardineira de um hospital que virou técnica de enfermagem no Ceará

Há menos de um ano como técnica de enfermagem, Elizangela descobriu sua vocação na pandemia de Covid-19 quando trabalhava como jardineira em hum hospita do Sertão Central

Elizangela Cintra atua há menos de um ano como técnica de enfermagem no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte. Musicista e ex-jardineira, foi durante a pandemia de Covid-19 que ela descobriu sua verdadeira missão: o cuidado com o próximo.

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Elizangela começou a trabalhar em hospitais em 2021, mas não na área da saúde — era jardineira e também atuava como diarista para complementar a renda. Até então, trabalhar na área da saúde não era um sonho. Segundo ela, o desejo de cursar enfermagem surgiu nesse período ao ver a luta dos profissionais e dos pacientes pela vida.

“Eu me apaixonei pelo cuidado, ao ver os profissionais dedicando até mesmo a própria vida pra cuidar de pessoas que eles nem mesmo conheciam. Aquilo gerou no meu coração um amor, um desejo que eu nem sei explicar”, afirma.

Esse período de observação e convivência com o sofrimento despertou nela a vontade de também ajudar, levando alívio às dores físicas e emocionais dos pacientes internados.

No início de 2022, Elizangela iniciou sua formação técnica em enfermagem na Faculdade de Quixeramobim (FAUNIQ). Ela relata que chegou a pensar que sua idade pudesse ser um empecilho, mas não se deixou intimidar e seguiu em frente com seus objetivos.

Conciliar o trabalho em tempo integral com o curso noturno não foi uma tarefa fácil: “Às vezes ava o dia trabalhando no sol, porque eu trabalhava no sol, no Centro. Tinha dias que eu ava o dia todo roçando. À noite chegava em casa, tomava banho e ia para o curso, e só voltava menos às onze horas”, explica Rozângela.

Em determinado momento, ela precisou deixar a jardinagem para se dedicar aos estudos e, principalmente, ao estágio obrigatório, já que não conseguiria conciliar todas as atividades.

Ela ainda conta que sempre recebeu muito apoio da família, dos amigos e dos colegas de trabalho, principalmente da área istrativa do hospital. Todos sempre incentivaram e acreditaram nos seus sonhos.

Tendo se formado em 2023, voltou novamente a trabalhar em um hospital em 2024, mas dessa vez como técnica de enfermagem, no HRVJ. Como dito anteriormente, um de seus objetivos era levar alívio físico e emocional aos pacientes, e foi na música que encontrou essa oportunidade.

“Eu amo música! Então, sempre que você me ver perto de um paciente, vai me ver cantando. Eles sempre diziam: ‘aí, canta mais um pouquinho pra mim, eu gostei tanto’. Isso uniu meus dois amores: um primeiro amor e um amor recente, que é trabalhar diretamente com as pessoas, cuidando das pessoas que no momento estão impossibilitadas de cuidar de si próprias”, relata emocionada.

Musicista, Elizangela canta e toca instrumentos musicais como violão, clarinete e sax alto — instrumento que, infelizmente, precisou vender quando seu pai estava doente. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ela compartilha seu talento com os pacientes, levando mensagens de fé e esperança por meio da música.

“A música vai muito mais além da melodia, ela atua onde os fármacos não conseguem curar.”

Nas horas vagas, Elizangela toca na banda municipal Sebastião Doth, da cidade de Quixeramobim. Na banda, seu principal instrumento é o clarinete.

Apesar de estar atuando como profissional da saúde há menos de um ano, Elizangela se sente realizada:

“Hoje eu louvo a Deus por ter conseguido [atingir meu] objetivo e estar contando um pouco dessa minha trajetória. Sou muito grata por tudo que ei e até onde cheguei. [...] Me sinto uma pessoa realizada, seja como profissional, como mãe, como senhora. E desejo que todos realizem seus sonhos, independentemente da idade ou dificuldade.”

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