Amor por toda a vida: Após 74 anos de união, casal morre no mesmo dia
Após quase oito décadas de união, Odileta e Paschoal faleceram com dez horas de diferença, rodeados pela família
Um amor que atravessou décadas, superou perdas e resistiu ao tempo. Assim pode ser resumida a história de Odileta Pansani de Haro, de 92 anos, e Paschoal de Haro, de 94, moradores de Votuporanga, no interior de São Paulo.
Após 74 anos de casamento, o casal faleceu no mesmo dia, com apenas dez horas de diferença. Eles deixaram cinco filhos, seis netos e quatro bisnetos. As informações são da Folha de S. Paulo.
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74 anos de amor: o início na praça da Matriz
Tudo começou em um encontro casual na Praça da Matriz, no centro de Votuporanga, a 527 km da capital. Odileta havia chegado recentemente de Mirassol com os pais e sete irmãos. Tinha 15 anos quando conheceu Paschoal, um ano mais velho, nascido na cidade e com oito irmãos.
Durante uma típica paquera da época, Paschoal rodava uma correntinha no ar quando ela escapou de sua mão e caiu no braço de Odileta. Esse pequeno acaso se transformou no pretexto ideal para iniciar uma conversa. A partir dali, aram a se corresponder por cartas.
O casal se casou em 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais de Odileta — mesma data em que Paschoal completava 20 anos. Ao longo da vida, tiveram seis filhos. A primogênita, Sílvia, morreu aos 33 anos, vítima de leucemia.
A perda foi marcante, mas fortaleceu a união entre eles. “Eles fizeram tudo o que podiam por ela. Até remédio com pingos de creolina minha mãe chegou a tomar”, recorda Luciano de Haro, um dos filhos, em entrevista à Folha de S. Paulo.
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74 anos de amor: tradições de uma família unida
Enquanto Odileta cuidava da casa e dos filhos, Paschoal trabalhou em lojas de tecidos e calçados com os irmãos. A rotina era marcada por simplicidade e tradição. Todos os domingos, filhos e netos se reuniam na casa do casal — uma tradição que perdurou por anos.
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A data de 15 de abril também ficou marcada na história da família. Além de ser o dia do casamento e aniversário de Paschoal, é também a data de nascimento da primeira neta, Camila, e da primeira bisneta, Athena, que vive em Londres.
74 anos de amor: os últimos anos e um adeus compartilhado
Nos últimos anos, Odileta foi diagnosticada com Alzheimer e ou a ser cuidada pelo marido. Em 2023, Paschoal foi diagnosticado com câncer no intestino e, segundo os médicos, seu tratamento seria apenas paliativo.
Com a saúde cada vez mais debilitada, Paschoal temia deixar a esposa sozinha. “Ele dizia que não queria que ela ficasse sofrendo. Chegou a pedir a Deus para levá-los juntos. E foi o que aconteceu”, contou Luciano à Folha de S. Paulo.
No dia 17 de abril, o pedido foi atendido. Odileta faleceu às 7 horas. Paschoal partiu às 17 horas, no mesmo quarto da casa em que viveram juntos, rodeados pela família.
No velório, os corpos foram colocados lado a lado. Ela foi enterrada primeiro, como ele queria. A história de amor chegou ao fim como começou: juntos.