Após polêmicas, projetos de lei sobre bebês reborn tramitam em várias casas legislativas Brasil

Após polêmicas, projetos de lei sobre bebês reborn tramitam em várias casas legislativas Brasil

Uso de bonecas hiper-realistas para obtenção de benefícios legais levanta debates em todo o país

Após ganharem notoriedade nacional por episódios envolvendo seu uso indevido, os bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam bebês recém-nascidos — tornaram-se alvo de projetos de lei em diferentes instâncias legislativas pelo Brasil. As propostas discutem desde punições para o uso fraudulento dos bonecos até programas de assistência psicológica para adultos que desenvolvem vínculos afetivos profundos com as réplicas.

Na Câmara dos Deputados, tramita o Projeto de Lei 2320/2025, de autoria do deputado federal Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO). A proposta busca coibir o uso de bonecas reborn como forma de obtenção indevida de benefícios garantidos a pessoas com crianças de colo, como o atendimento prioritário em filas, assentos preferenciais e serviços públicos. Segundo o parlamentar, a prática pode atrasar o atendimento de quem realmente necessita, como gestantes e pessoas com deficiência.

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“Esses exemplos ilustram a necessidade de um dispositivo legal específico, de aplicação imediata, que desestimule tais fraudes e preserve o direito das crianças reais”, justificou Calil. O projeto prevê multas entre 5 e 20 salários mínimos — de R$ 7.590 a R$ 30.360 com valores atuais — e dobra a penalidade em caso de reincidência. Os recursos arrecadados seriam destinados a fundos voltados à proteção da infância.

Em Minas Gerais, o debate também chegou à Assembleia Legislativa. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) apresentou um projeto após o caso de uma mulher que levou um bebê reborn a uma unidade de saúde, alegando que o boneco estava com febre. A proposta visa proibir tentativas de atendimento médico a bonecos, com multa de até dez vezes o valor do serviço prestado.

“O risco é real: uma equipe pode ser mobilizada para atender um objeto inanimado, enquanto alguém em estado grave aguarda socorro”, argumentou o parlamentar, que também usou suas redes sociais para defender a medida.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o foco recai sobre a saúde mental. O Projeto de Lei n° 5357/2025, de autoria do deputado federal Rodrigo Amorim (União Brasil), propõe a criação de um programa de acompanhamento psicológico para pessoas que se consideram pais ou mães dos bonecos. A proposta busca oferecer e a indivíduos que desenvolvem vínculos afetivos intensos com os reborn e que possam estar enfrentando situações de sofrimento psíquico.

De acordo com o texto, o objetivo é prevenir dependência emocional e possíveis quadros depressivos, tratando o uso dos bonecos não como uma mera excentricidade, mas como potencial indicativo de problemas emocionais que demandam atenção.

Projeto aprovado

Na esfera municipal, no entanto, o enfoque é outro. No Rio de Janeiro, os vereadores aprovaram em segunda discussão o Projeto de Lei nº 1892/2023, que institui o Dia da Cegonha Reborn no calendário oficial da cidade. A data, segundo o vereador Vitor Hugo (MDB), autor da proposta, seria uma homenagem às artesãs que produzem os bonecos — conhecidas como “cegonhas” — e às mães reborn.

“O nascimento de um bebê é um momento singular na vida de uma mulher, e não é diferente para as mamães reborn, porém, seus filhos são enviados por cegonhas”, diz o texto do projeto, aprovado às vésperas do Dia das Mães. A proposta agora aguarda sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Entre homenagens simbólicas e iniciativas com implicações legais e de saúde pública, os projetos revelam o desafio das autoridades em lidar com os limites entre arte, afeto e responsabilidade social. O debate sobre os bebês reborn deixa de ser um nicho curioso para se tornar pauta nacional, exigindo atenção sobre as fronteiras entre o lúdico e o legal.

Entenda a trend por trás dos bebês reborn:

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