Cultura e protesto no Carnaval de Aracati: bloco leva críticas sociais à folia 23545z
Bloco Karambolas do Cumbe desfila no Carnaval cultural de Aracati desde 2014, tem como objetivo levar a cultura quilombola para as ruas, além de denunciar problemas sociais e ambientais
O Carnaval de Aracati, um dos maiores do Ceará, é conhecido não apenas pela diversão, mas também por ser espaço de manifestações culturais e políticas. Na última segunda-feira, 3, o bloco Karambolas do Cumbe, organizado pelo Quilombo do Cumbe, coloriu a avenida com fantasias, bandeiras e faixas que evocavam a luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos por drones no Ceará.
O bloco, que desfila no Carnaval cultural de Aracati desde 2014, tem como objetivo levar a cultura quilombola pesqueira do Cumbe para as ruas, além de denunciar problemas enfrentados pelas comunidades tradicionais e pela população em geral.
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"A gente sempre aproveita o desfile na Rua Grande para se posicionar, manifestar, e dessa vez foi contra a lei dos agrotóxicos", diz João do Cumbe, liderança quilombola e militante da Organização Popular (OPA).
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"Chuva de veneno" 5e6p6o
O assunto em questão é o Projeto de Lei 1075/23, sancionado pelo governador Elmano de Freitas (PT) em dezembro de 2024, que autoriza a pulverização aérea de agrotóxicos por drones no Ceará, conhecida como "chuva de veneno".
O PL, aprovado pela Assembleia Legislativa (Alece), foi alvo de protestos durante o desfile, com faixas como "Revoga ou revolta!".
Ele destacou, ainda, como "contraditória" a posição do governador Elmano, que, como deputado estadual, foi coautor da Lei Zé Maria do Tomé, que proibia a pulverização aérea de agrotóxicos no estado desde 2019. "O Ceará, que era referência no combate à pulverização aérea, dá um grande o atrás", criticou.
João explicou que a finalidade principal é a criação de um plebiscito. "Para que quem decida seja a população, e não o governador, deputados, ou seja, uma minoria de deputados que não representam o conjunto da sociedade", protestou.
O PL que libera a pulverização aérea de agrotóxicos por drones foi aprovada com 22 votos a favor e nove contra na Alece. A medida gerou divergências dentro e fora do Parlamento, com críticas de parlamentares, ambientalistas, acadêmicos e movimentos sociais.
A antiga Lei Zé Maria do Tomé, que proibia a prática, havia sido referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023, sendo considerada constitucional.
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