Pesquisadores renomeiam diabetes relacionado à desnutrição
O diagnóstico aponta que normalmente os mais afetados pela doença são os adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos em países de baixa e média renda.
Pesquisadores da Federação Internacional de Diabetes (IDF em inglês) renomearam o que antes era conhecido como “diabetes relacionado à desnutrição”. A nova classificação é chamada de diabetes tipo 5.
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O diagnóstico aponta que normalmente os mais afetados pela doença são os adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos em países de baixa e média renda.
Os pesquisadores já vinham estudando a forma menos comum de diabetes e defendiam que ela fosse reconhecida de uma forma diferente da doença, após estudos mostrarem mecanismos diferentes daqueles observados nos tipos 1 e 2.
A Federação reconheceu oficialmente a doença como ‘diabetes tipo 5’ durante o Congresso Mundial de Diabetes deste ano, que acontece nesta semana em Bangkok, na Tailândia.
De acordo com O Globo, o presidente da federação, Peter Schwarz, anunciou a criação de um grupo de trabalho para desenvolver um diagnóstico formal e diretrizes terapêuticas para a doença nos próximos dois anos.
Diabetes: o que é e quais os tipos
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz.
Existem três tipos da doença:
- Tipo 1: concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença. Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse tipo aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos. É tratado com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas.
- Tipo 2: cerca de 90% das pessoas têm o tipo 2 da doença. Ela surge quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. Se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar.
- Diabetes Gestacional: Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher a por mudanças em seu equilíbrio hormonal. Pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana de gravidez — início do 6º mês — como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose. Clique aqui para saber os fatores de risco.
- Pré-diabetes: O termo é usado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de Diabetes Tipo 2. Obesos, hipertensos e pessoas com alterações nos lipídios estão no grupo de alto risco. Os fatores de risco são: pressão alta; alto nível de LDL (‘mau’ colesterol) e triglicérides; e/ou baixo nível de HDL (‘bom’ colesterol); sobrepeso, principalmente se a gordura se concentrar em torno da cintura.
De acordo com o IDF, pelo menos 15.733.600 de pessoas possuem diabetes no Brasil. A previsão é que até 2049 o número aumente para 49 milhões.
Ao O POVO, o médico endocrinologista e membro da coordenação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Flávio Pirozzi, explicou que o ‘novo tipo’ era confundido com o Tipo 1 da doença, que é comum em pacientes com peso muito baixo.
"São aqueles pacientes que não secretam insulina e o tratamento é justamente com ela. Só que quando esses pacientes eram tratados com insulina, o risco de ter níveis muito baixos de glicose era muito maior”, explica.
"E por vezes, eles tinham algumas características por conta da desnutrição proteico-calórica, que lembrava o Tipo 2, mas que a gente não poderia classificar como sendo isso, porque a grande maioria dos pacientes com diabetes Tipo 2, é o contrário do Tipo 1, eles têm excesso de peso", complementa.
O endocrinologista ressalta que o IDF propõe que, nos próximos anos, sejam feitos estudos para saber melhor o mecanismo que causa esse tipo específico de diabetes.
“São 20 milhões de pessoas em quadro de desnutrição, não se sabe quantas dessas pessoas têm diabetes. É uma pergunta importante a ser respondida”.
Para Flávio, a melhor forma de combater o Tipo 5, é prevenir a desnutrição. “[Com] uma boa alimentação e tendo cuidados com o o a comidas de má qualidade, e até mesmo de quadros mais graves, que seria a fome”.
Os cuidados também devem se estender ao tipo de medicação: "A gente não tem nada certo ainda do que poderia realmente ser a melhor opção para tratar esse tipo de paciente".
"A gente também precisa estar atento do ponto de vista de saúde primária no Brasil. Talvez a solicitação de exames de rotina em relação ao diagnóstico de diabetes deve ser mais intensificada nessa população", conclui.