Brasil e 19 países se reúnem na Espanha para discutir criação do Estado da Palestina
As informações foram divulgadas pelo governo da Espanha, anfitrião do encontro. Brasil, representado pelo chanceler Mauro Vieira, tem posição histórica a favor da criação do Estado da Palestina e da convivência pacífica com Israel
Representantes de 20 países se reuniram em Madri, capital da Espanha, neste domingo, 25, visando debater a criação do Estado da Palestina. A informação foi divulgada pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares Bueno. O Brasil esteve presente no encontro, representado pelo chanceler Mauro Vieira.
Albares destacou a urgência de uma solução para o conflito na Faixa de Gaza, afirmando em publicação nas redes sociais: “A guerra em Gaza tem que acabar. A situação é desumana e cruel. O povo palestino tem o direito à esperança. A via de dois Estados, Palestina e Israel coexistindo em paz e segurança, é a solução. Hoje [domingo], em Madri, 20 países se reuniram para avançar nessa questão”.
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Conforme o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), Mauro Vieira criticou a falta de ação da comunidade internacional diante do que classificou como “massacre” de civis em Gaza. O chanceler advertiu que a história não aceitará justificativas para essa omissão.
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Durante o encontro, Vieira também se reuniu com o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa. O chanceler brasileiro reiterou a posição do Brasil de que ampliar o reconhecimento internacional do Estado da Palestina, bem como sua issão como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU), são os essenciais para concretizar a solução de dois Estados.
Na semana anterior, Mauro Vieira já havia informado ao Senado que participaria do encontro em Madri, reforçando o posicionamento histórico do Brasil em favor da criação do Estado palestino e da convivência pacífica com Israel.
Também neste domingo, o Itamaraty usou as redes sociais para confirmar a participação do chanceler na reunião, ressaltando que a discussão ocorre em um momento marcado por uma "tragédia humanitária" em Gaza. Para Mauro Vieira, é “muito importante” que iniciativas internacionais sejam promovidas visando encerrar “essa invasão e esse desrespeito ao direito internacional e ao direito internacional humanitário”.
Desde o início da guerra entre Israel e o grupo Hamas — que controla a Faixa de Gaza — em outubro de 2023, o Brasil tem defendido publicamente a busca por um cessar-fogo permanente e a garantia da entrada contínua de ajuda humanitária para a população da Palestina.
Dados divulgados pelo Hamas apontam que cerca de 60 mil pessoas já morreram desde o início do conflito. Nesse contexto, o governo brasileiro tem:
- Defendido a retirada total das tropas israelenses de Gaza;
- Questionado os limites éticos e legais das ações militares conduzidas pelo governo de Benjamin Netanyahu;
- Afirmado que a atual estratégia militar adotada por Israel compromete a possibilidade de um acordo.
Participação do Brasil em grupo da ONU
O Itamaraty também informou que o Brasil foi convidado a presidir um dos grupos de trabalho da ONU que discutirá a criação do Estado da Palestina. A conferência internacional, marcada para junho, é presidida conjuntamente por França e Arábia Saudita, e contará com oito grupos temáticos.
O Brasil, com o Senegal, foi designado para liderar o grupo de trabalho número 7, cujo foco é a “Promoção do respeito ao direito internacional para a implementação da solução de dois Estados”, conforme comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
Declarações recentes de Mauro Vieira
Durante audiência recente no Senado, Mauro Vieira descreveu a situação em Gaza como uma “carnificina”. Segundo o chanceler, a quantidade de mortes, incluindo um número elevado de crianças, é inaceitável.
“Acredito que é uma situação terrível o que está acontecendo. Há uma carnificina. É uma coisa terrível o que está acontecendo. Há um número elevadíssimo [de mortes de] crianças. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados”, declarou.
Ele reforçou, ainda, o compromisso histórico do Brasil com a solução de dois Estados, com Israel e Palestina coexistindo em paz e segurança.
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