Nísia Trindade é demitida do Ministério da Saúde e Padilha é escolhido 6y1q3e
As mudanças abrem a reforma ministerial do governo Lula
Nísia Trindade foi demitida do Ministério da Saúde pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, será o substituto. As mudanças abrem a reforma ministerial do governo.
A mudança envolve o controle de um orçamento de R$ 239,7 bilhões e a marca do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje enfrenta acentuada queda de popularidade, de acordo com pesquisas de opinião.
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Alexandre Padilha, que atualmente cuida da articulação política entre o Planalto e o Congresso, já era o mais cotado para a vaga. Ele foi titular da Saúde no governo Dilma Rousseff, de 2011 a 2014, é padrinho político de Nísia — que, embora próxima do PT, não está filiada ao partido — e tem vários aliados abrigados em secretarias da pasta.
Médico infectologista, Padilha é aliado de primeira hora de Haddad. Ele foi secretário municipal da Saúde de 2015 a 2017, quando o atual titular da Fazenda era prefeito de São Paulo.
A Saúde é uma das principais apostas de Lula para o governo sair das cordas. Ao Estadão, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, disse que vai mudar a marca do programa "Mais o a Especialistas", considerada hermética e sem apelo popular.
O programa é o xodó de Lula, mas não vai bem das pernas. Lançado em abril do ano ado, o plano tem como objetivo reduzir o tempo de espera por cirurgias, exames e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar das cobranças de Lula a Nísia, o programa ainda não conseguiu chegar em várias regiões do País.
Padilha é deputado licenciado e teve uma gestão bem avaliada na Saúde quando tocou o programa Mais Médicos. A portas fechadas, o ministro afirmou que aceita não ser candidato em 2026 para ajudar na campanha de Lula a um novo mandato, ou mesmo apoiar outro nome indicado pelo PT.
A situação de Nísia no governo ficou insustentável diante de tantos problemas na saúde, agravados pelo surto de dengue em São Paulo e em outros cinco Estados. Há falta de vacinas no mercado.
Em nota divulgada na última sexta-feira, 21, Nísia avaliou que a pasta, sob o comando de Lula, vem cumprindo com o compromisso de reestruturar o SUS e de cuidar da saúde da população “com resultados concretos”, citando feitos como 100% dos medicamentos do programa Farmácia Popular com gratuidade e o aumento da cobertura vacinal no país após mais de seis anos de quedas consecutivas.
Antes de assumir a Saúde, em janeiro de 2023, Nísia Trindade ocupava o posto de presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 2017.
Feudo ih32
No ado, o Ministério da Saúde foi um feudo do PP, partido do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL). Durante toda sua gestão, Lira teve vários embates com Padilha, chamou o desafeto de "incompetente" e tentou derrubar Nísia, mas não conseguiu.
A ida do ministro de Relações Institucionais para a Saúde também mexe em outra vaga com assento no Planalto: a da articulação política.
O Centrão reivindica o cargo, sob o argumento de que a relação do governo com o Congresso não está boa e só um parlamentar desse grupo político poderia ajudar a resolver, por exemplo, o problema das emendas parlamentares.
Até agora, no entanto, os nomes mais considerados por Lula para o lugar de Padilha são de dois petistas, ambos líderes do governo: José Guimarães (CE), que atua na Câmara, e Jaques Wagner (BA), no Senado.