Via Láctea provavelmente vai se salvar de colisão com a colossal Andrômeda
Novos dados de telescópios espaciais reduzem para a metade a chance de colisão entre a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda no futuro
O risco de a Via Láctea colidir com a gigantesca galáxia de Andrômeda dentro de bilhões de anos caiu para quase a metade, segundo novos cálculos anunciados nesta segunda-feira, 2.
De qualquer forma, esse fenômeno intergaláctico ocorrerá muito depois de toda a vida na Terra ter sido extinta, devido à expansão do Sol.
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A Via Láctea e a ainda maior galáxia de Andrômeda estão se aproximando a uma velocidade de 100 quilômetros por segundo. Por muito tempo, os cientistas previram que essa colisão ocorreria dentro de aproximadamente 4,5 bilhões de anos.
Pesquisas anteriores sugeriam que muitos sistemas estelares poderiam acabar no centro da nova galáxia resultante da fusão — batizada de "Milkomeda" — e ser absorvidos por seu buraco negro supermassivo. Alternativamente, outros sistemas poderiam ser expulsos para o vácuo intergaláctico.
Novos dados desafiam previsões anteriores
No entanto, "as proclamações sobre o desaparecimento iminente da nossa galáxia parecem muito exageradas", afirma um novo estudo publicado na revista Nature Astronomy.
A equipe internacional de astrofísicos concluiu que há apenas 50% de probabilidade de a Via Láctea e Andrômeda colidirem nos próximos 10 bilhões de anos.
"Basicamente, é como lançar uma moeda para o alto", disse à AFP o principal autor do estudo, Till Sawala, da Universidade de Helsinque.
Simulações avançadas com telescópios espaciais
Os pesquisadores realizaram mais de 100 mil simulações por computador, utilizando novas observações feitas por telescópios espaciais.
Uma fusão de galáxias nos próximos 5 bilhões de anos é considerada "extremamente improvável", segundo Sawala. É muito mais provável que as galáxias em relativamente próximas uma da outra — a uma distância de, digamos, pouco menos de 500 mil anos-luz.
Em apenas metade das simulações, a matéria escura acabou arrastando as duas galáxias para uma fusão catastrófica. No entanto, esse processo só ocorreria dentro de cerca de 8 bilhões de anos — muito depois de o Sol ter se transformado em uma anã-branca agonizante.
“Assim, é possível que nossa galáxia acabe destruída”, afirmou Sawala. “Mas também é possível que a Via Láctea e Andrômeda orbitem uma à outra por dezenas de bilhões de anos — simplesmente não sabemos”, acrescentou.
Destino da Via Láctea continua indefinido
O destino da Via Láctea "segue completamente em aberto", conclui o estudo. Os pesquisadores ressaltaram que suas descobertas não significam que os cálculos anteriores estivessem errados, mas sim que eles usaram observações mais recentes e consideraram o efeito de mais galáxias satélites.
Uma nova leva de dados do telescópio espacial Gaia, recentemente aposentado, além de observações do Hubble, poderá oferecer uma resposta definitiva a essa questão na próxima década, segundo Sawala.