ONU prevê recorde de aquecimento global nos próximos cinco anos

ONU prevê recorde de aquecimento global nos próximos cinco anos

Planeta prosseguirá em um nível sem precedentes de aquecimento global, depois de 2023 e 2024, que foram os anos mais quentes já registrados

O aquecimento médio do planeta deve superar com uma probabilidade de 70% a faixa de 1,5°C na comparação com a era pré-industrial entre 2025 e 2029, anunciou nesta quarta-feira, 28, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU. 

O planeta prosseguirá em um nível sem precedentes de aquecimento global, depois de 2023 e 2024, que foram os anos mais quentes já registrados, destacou o Serviço Meteorológico do Reino Unido, com base nas previsões de 10 centros internacionais, em um relatório publicado pela OMM.

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"Acabamos de viver os 10 anos mais quentes já registrados. Infelizmente, este relatório da OMM não apresenta indícios de que vai mudar", resumiu a secretária-geral adjunta da OMM, Ko Barrett.

Aquecimento de 1,5 °C

O aquecimento de 1,5ºC é calculado em comparação ao período de 1850-1900, antes de a humanidade começar a queimar carvão, petróleo e gás em escala industrial. A combustão destas fontes de energia não renováveis emite dióxido de carbono, gás de efeito estufa amplamente responsável pela mudança climática.

Esta é a meta mais otimista que os países incluíram no Acordo de Paris de 2015, mas que cada vez mais climatologistas consideram inalcançável, já que as emissões de CO₂ ainda não registram queda em todo o mundo.

"Está totalmente de acordo com o fato de que estamos perto de superar 1,5°C a longo prazo no final da década de 2020 ou início da década de 2030", comentou o climatologista Peter Thorne, da Universidade de Maynooth, na Irlanda.

Para compensar as variações naturais do clima, vários métodos são utilizados para calcular o aquecimento a longo prazo, explicou Christopher Hewitt, diretor dos serviços climáticos da OMM. 

Um método combina as observações dos últimos 10 anos com as projeções para os próximos 10 anos, considerando a estimativa central. Assim, calcula-se um aquecimento médio atual, para o período de 2015-2034, de 1,44°C. Contudo, "não há consenso", advertiu Hewitt.

Mas a estimativa está muito próxima do cálculo do observatório europeu Copernicus (1,39°C).

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Aquecimento global: quando será alcançado 2°C?

Embora seja algo "excepcionalmente improvável" segundo a OMM, existe uma probabilidade não nula (1%) de que pelo menos um dos próximos cinco anos supere 2°C de aquecimento.

"É a primeira vez que vemos isso em nossas previsões", observou Adam Scaife, do Serviço Meteorológico do Reino Unido. "É um choque, apesar de pensarmos que era plausível nesta altura".

O especialista britânico lembrou que, há uma década, as previsões mostraram pela primeira vez a probabilidade - também "muito baixa" naquela época - de que um ano superasse a marca de 1,5ºC. E isso aconteceu pela primeira vez em 2024.

Aquecimento global em "nível perigoso" -

Cada fração de grau de aquecimento adicional pode intensificar as ondas de calor, tempestades extremas, secas, degelo das calotas polares, do gelo marinho e das geleiras. O clima de 2025 não oferece trégua.

Na semana ada, a China registrou temperaturas acima de 40°C em algumas regiões, os Emirados Árabes Unidos atingiram quase 52°C e o Paquistão foi atingido por ventos fatais após uma intensa onda de calor.

"Já atingimos um nível perigoso de aquecimento global, com inundações fatais recentes na Austrália, França, Argélia, Índia, China e Gana, além de incêndios florestais no Canadá", disse Friederike Otto, cientista do Imperial College de Londres.

"Continuar dependendo de petróleo, gás e carvão em 2025 é uma loucura absoluta", acrescentou.

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Aquecimento global: outras previsões

A OMM também prevê que o aquecimento do Ártico continuará superando a média mundial nos próximos cinco anos.

A concentração de gelo marinho deve diminuir nos mares de Barents, Bering e Okhotsk, enquanto o sul da Ásia deve continuar registrando mais precipitações do que o normal.

Também são esperadas condições mais úmidas no Sahel, no norte da Europa, no Alasca e no norte da Sibéria, e mais secas na bacia do Amazonas.

POr: Agnès PEDRERO

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