Papa Leão XIV nas redes sociais: o que dizem os posts de Robert Prevost?
Antes quase anônimo no X (antigo Twitter), o novo sumo pontífice já usava a plataforma para defender causas sociais, criticar políticas migratórias e demonstrar apoio à fé e à justiça
A escolha de Robert Prevost como novo papa, agora conhecido como Leão XIV, surpreendeu também no ambiente digital. Até então discreto nas redes sociais, o religioso norte-americano ou a ser o centro das atenções no X — antigo Twitter — logo após sua eleição nesta quinta-feira, 8.
O que antes era uma conta com pouco mais de mil seguidores rapidamente ultraou a marca de 394 mil, impulsionada pela curiosidade de fiéis, jornalistas e internautas.
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Criada em 2011, a conta revela um lado pouco conhecido do novo papa: seu engajamento social, sua afinidade com temas como justiça, migração e meio ambiente, e sua constante referência à fé católica — quase sempre por meio de repostagens e curadoria de conteúdo religioso e social.
Papa Leão XIV: conectado a fé, justiça e meio ambiente
Apesar de não ser um usuário ativo no sentido tradicional — raramente escreve postagens autorais — Leão XIV se destaca pelo conteúdo que escolhe amplificar.
Entre os mais de 400 posts publicados até agora, há mensagens de apoio ao papa Francisco, reflexões sobre espiritualidade, críticas sociais e até um bom humor discreto, como nos memes sobre o uso do rosário ou o distanciamento social na pandemia.

A maior parte das publicações é composta por retuítes de mensagens religiosas, homenagens a santos agostinianos e notícias de festas litúrgicas.
No entanto, o conteúdo que mais chamou a atenção nas últimas semanas é um retuíte de 14 de abril: uma crítica às políticas migratórias dos governos de Donald Trump e Nayib Bukele, presidente de El Salvador, compartilhada originalmente pelo jornalista Rocco Palma.
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A postagem menciona o caso de Kilmar Abrego Garcia, salvadorenho deportado dos Estados Unidos mesmo após a Suprema Corte ordenar sua volta.
O post traz um apelo dramático feito pelo bispo auxiliar Evelio Menjívar, de Washington, que questiona: “Você não vê o sofrimento? Sua consciência não está perturbada">Embora o conteúdo da conta evite confrontos diretos, Robert Prevost deixou clara sua posição sobre temas delicados. Ao longo dos anos, manifestou-se contra a pena de morte, o racismo, os abusos sexuais no clero e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em 2015, a conta republicou um artigo com a legenda: "por que a retórica anti-imigrante de Donald Trump é problemática".
Criticou, ainda em 2017, a proibição de entrada de refugiados nos EUA e, em 2020, após o assassinato de George Floyd, pediu que líderes da Igreja Católica se posicionassem contra o racismo.

Recentemente, também respondeu publicamente a um comentário do atual vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, que afirmou que a esquerda distorce os valores cristãos ao priorizar o amor a estrangeiros.
Prevost rebateu, citando a teologia cristã: “Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros.”
Essas manifestações ganharam repercussão, e muitos começaram a comparar sua postura à do antecessor, papa Francisco, especialmente no tocante à defesa dos mais vulneráveis e à rejeição de leituras nacionalistas da doutrina cristã.