Música e leveza marcam evento de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes
Centro Cultural Belchior foi palco de ações culturais e educativas para crianças vindas de vários bairros de Fortaleza. De pintura e danças a batuque e esportes, os jovens viveram um dia leve à Beira Mar
“Sei que muitas crianças já foram tocadas no corpo e têm medo de dizer para alguém, não se sentem confortáveis. Acho importante que elas saibam que tem alguém”, disse Clara, 12 anos, em evento de combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Com materiais informativos coloridos à mão, ela era uma das dezenas de crianças no Centro Cultural Belchior na tarde desse domingo, 18. Data marca o dia nacional de enfrentamento a esse tipo de abuso contra crianças.
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À Beira Mar, no Estoril, o espaço estava recheado de cores e sons diversos - música, risos e conversas. O tema delicado foi tratado com leveza e estandes de atividades posicionavam-se em frente a um palco no qual se apresentavam projetos musicais de jovens e adolescentes.
Confira fotos do evento







Um deles, o Batuquerê, é formado por crianças percussionistas, vestidas com trajes de cores jamaicanas. Animados, entoaram músicas como “criança não trabalha, criança dá trabalho” e geraram aplausos pela “desenvoltura” no palco. Depois, à reportagem, três delas relataram estar nervosos: “Você fica com medo de errar, mas a gente veio para se divertir”, disse Fabrício, 10 anos, junto dos colegas Leslie, 10 anos, e Vitor, 9 anos.
As barracas incluíam atividades - desde orientação jurídica pela Defensoria Pública, distribuição e orientação sobre métodos contraceptivos até mesas com lápis de cor e colagens.
Uma das oficinas pedia para que as crianças colassem adesivos com as cores vermelho, amarelo e verde em um boneco desenhado. O intuito era ensinar em quais partes do corpo não deveria ser permitido o toque por adultos.
Excursões ao evento (e à praia)
Grupos de uniforme eram vistos com frequência em meio à feira. Projetos organizaram excursões ao evento, como o "Jovens em Ação", do qual participa Clara, citada no início.
O conjunto de 50 jovens do bairro aré realiza, dentre outras ações, apresentações de orientação contra violência a crianças e adolescentes. “Semana que vem vamos fazer um teatro de fantoches. Vou ser a narradora!”, disse a menina.
Outro projeto, o "200 dias", levou meninos e meninas, jogadores de futebol, ao Estoril. As crianças ouvidas elogiaram a importância do evento, mas mostraram maior encanto com a praia. Vindos de longe, exploravam o espaço com os amigos.
“Já fomos na praia, já jogamos altinha, já fomos na pintura. Eu acho muito importante. Ainda queremos aproveitar mais as áreas, os lugares”, disseram Ana Julia, Alissa e Bia, todas de 13 anos, vindas dos bairros Conjunto Palmeiras e Santa Maria.
Evento combate a violência sexual contra crianças e adolescentes
O evento à Beira Mar, na verdade, integra um conjunto de ações realizadas ao longo do mês de maio. São organizadas pelo Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (DCA) em conjunto com diversos órgãos da sociedade civil, como o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza.
“Esperamos que tenhamos uma sociedade mais conhecedora. Crianças e adolescentes mais conhecedoras dos seus direitos, que saibam onde denunciar. O objetivo é que saiamos com pessoas mais informadas e que possam também propagar essa informação”, disse Cecília Gois, membro da Comissão de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes do fórum DCA.
O trabalho é árduo e constante - expresso no próprio ambiente da praia: na dificuldade das crianças em ar o mar e nos jovens ambulantes, que observavam a diversão dos outros, enquanto seguravam caixinhas de doces à venda.
Seja tocando tambor, jogando bola, no teatro de fantoches, na praia ou nos bairros periféricos, as crianças de todas as partes ouviram sobre o direito que possuem para fazer o que quiserem: brincar, estudar e ser feliz, sem violência ou exploração.
Diferenças entre abuso e exploração sexual
Abuso: pode ser praticado por pessoas próximas vítimas e das famílias
Qualquer ação de cunho sexual com criança ou adolescente de até 14 anos, consentida ou não consentida, é considerada estupro de vulnerável
Exploração: o agente busca obter luco
Entre outras coisas, realiza a produção de material pornográfico infantil, como fotos e vídeos.
Denuncie casos de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
- Disque 100 ou 0800 2850880
- Plantão do Conselho Tutelar: 2180-3812, 99167-9686 e 99174-6370
- Polícia Rodoviária Federal: 191
- Polícia Militar: 190
- Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente: (85) 3101-7589
- Para crimes na internet: SaferNet Brasil
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