Família aguarda julgamento um ano após execução de zelador no IJF
Ex-colaborador do Instituto Dr. José Frota invadiu a unidade hospitalar, matou Francisco Mizael a tiros e, em seguida, o decapitou
Neste 23 de abril, um crime ocorrido no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, completa um ano. Um ex-colaborador do hospital invadiu a unidade de saúde e decapitou o zelador e copeiro Francisco Mizael Sousa da Silva, 29 anos.
A família ainda se pergunta o porquê de violência tão brutal. "A gente está vivendo, pois temos que viver, não tem como parar as nossas vidas. Ficou um buraco na família. A gente está perdido ainda, cada um vivendo com a sua dor e tentando apoiar uns aos outros, mas ainda fica um vazio imenso", diz a irmã da vítima.
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Francisco Aurélio Rodrigues Lima, segue preso pelo homicídio contra o colega de trabalho. A família pede celeridade no processo e afirma que quer encerrar o ciclo de sofrimento pela perda de Mizael com o acusado indo à júri popular.
Mizael não teve a oportunidade de ver o nascimento de seu segundo filho, que completou oito meses de idade. A filha mais velha, de oito anos de idade, sempre pergunta pelo pai.
O zelador tinha quatro irmãos, sendo três mulheres e um homem. A mãe, aos 66 anos de idade, hipertensa, vai lidar com o segundo Dia das Mães sem o filho.
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"Ele morava em frente à casa dela (mãe). Então, todos os dias, ao abrir a porta, ela se depara com o vazio. Ela não vê mais o meu irmão indo até lá e pedindo a benção para ir trabalhar. É um momento difícil", descreve a irmã.
Hoje, a família tenta se reconstruir em meio a dor da saudade e busca forças para cobrar das autoridades uma Justiça que, para eles, ainda está em uma realidade distante. Mizael era colaborador do IJF terceirizado há aproximadamente 10 anos.
A irmã diz que o rapaz acumulava dois cargos em duas empresas terceirizadas, sendo um de zelador e outro como copeiro. A esposa estava na reta final da gestação, então, ele pausou os trabalhos do período da noite para ficar mais presente. No dia 23, ele trabalhava quando Aurélio invadiu a unidade, matou Mizael a tiros e em seguida o decapitou.
Aurélio foi preso e disse à Polícia que a motivação do crime foi ciúmes de Mizael com sua companheira. A namorada do acusado prestou depoimento afirmando viver um relacionamento tóxico e negou qualquer relacionamento com o zelador. O homem queria que ela abandonasse o trabalho, que também era no IJF, e chegou a ameaçar invadir o hospital.

A família da vítima afirma que Mizael e Aurélio eram próximos, trabalharam juntos e mostrou fotografias dos dois abraçados em um evento esportivo da empresa e também no trabalho, a relação dos dois seria de amizade e respeito. Até hoje, os parentes da vítima não entendem o motivo de tanta violência.
O processo segue em andamento, mas a família destaca que é necessário que o acusado vá a júri popular.
"Hoje, estamos buscando encerrar esse ciclo. E fazemos um pedido para que fosse agilizado esse processo, que ele fosse a júri popular para que a gente possa ter o alívio de que foi feita a Justiça. Ele está preso, mas para nós a Justiça ainda não foi feita", diz.
"A gente precisa ter a condenação perante a lei para que a gente possa seguir em paz. A gente revive isso a cada dia, a cada mês. A gente só quer que a Justiça seja mais ágil para seguir em paz com as memórias boas que o Mizael deixou para a gente", descreve.
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Além do processo do crime de morte no IJF, a família da vítima moveu uma ação contra a Prefeitura de Fortaleza, em razão de não manter segurança adequada para o colaborador, que foi morto no local de trabalho. Os parentes aguardam a primeira audiência sobre o caso. A família destaca que não teve o apoio necessário após a morte e que não conseguiu atendimento psicológico.
Em junho deste ano a Justiça negou o incidente de insanidade mental de Aurélio. A defesa havia pontuado que o homem apresentou surtos enquanto estava preso. O homem teria ainda descrito ter sido vítima de boatos, perseguição e traição.
Câmeras de segurança flagraram o momento que Aurélio entra no hospital utilizando a antiga credencial e segue para o cometimento do crime. No dia do crime houve correria entre os funcionários, a Polícia foi acionada e os profissionais realizaram um protesto em frente ao hospital cobrando segurança.
Outra execução foi registrada no IJF
Um adolescente de 16 anos de idade invadiu o IJF no dia 2 de março e executou um homem dentro do hospital. A vítima era um paciente que estava internado por ter sofrido um atentado a tiros e seria integrante de uma organização criminosa. O adolescente foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).
Em março de 2025, após a execução, o IJF anunciou a volta do uso de detector de metais na unidade. Também foi anunciada a implantação do reconhecimento facial. Outros protocolos e tecnologias foram implantadas com o apoio da Guarda Municipal e da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
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