Os diferentes públicos de cada espigão da Beira Mar de Fortaleza 1o5e73
Segurança, ibilidade, iluminação e tranquilidade são fatores que influenciam na escolha de qual espigão as pessoas querem frequentar
Andando pelos quilômetros de extensão da avenida Beira Mar, em Fortaleza, é possível encontrar diversificadas opções de lazer e gastronomia no calçadão. Mas se o objetivo é se sentar, aproveitar a vista para o pôr do sol e a brisa do mar sem ficar na faixa de areia, os espigões são a escolha mais óbvia. Construídos para desviar o fluxo da maré e conter o avanço do mar, as estruturas acabam sendo utilizadas também por quem visita a orla para se divertir.
O POVO visitou, no fim da tarde deste domingo, 23, três espigões na Beira Mar e notou múltiplos usos, públicos e condições de infraestrutura. Seja a estrutura na altura do Náutico, a próxima à avenida Rui Barbosa ou a da avenida João Cordeiro, é visível o interesse que os visitantes têm em ocupar cada espaço.
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Náutico 4du2h
A estrutura localizada entre a avenida Desembargador Moreira e a rua Paula Barros — conhecido como espigão Náutico devido à proximidade com o clube de mesmo nome —, é um dos que recebe a maior quantidade de visitantes. Esportistas, casais, famílias e até mesmo quem gosta de pescar frequenta o local.
Priscila Rodrigues, 32, mora em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. Apesar da distância, gosta de ar as tardes de domingo no espigão do Náutico. Acompanhada da mãe, da filha e do cachorro de estimação, Priscila afirma que gosta do espaço para correr, pedalar e tomar sorvete. “Gosto daqui porque tem um posto da polícia próximo também”, disse.
A segurança também é um fator que o assistente istrativo Luís Galvão, 40, leva em conta para escolher o espigão. Além disso, para ele, pessoa que usa cadeira de rodas, a reforma recente feita no local trouxe um aspecto importante: a ibilidade. É também lá que ocorre o projeto Pôr do Sol Fortaleza, da Prefeitura da Capital, com música ao vivo aos domingos.
Espigão da Rui Barbosa 4d2534
Chegando ao aterro da Praia de Iracema, o espigão localizado em frente à avenida Rui Barbosa é o mais tranquilo entre os três visitados neste domingo. O ruído das ondas e do vento eram os únicos escutados por quem sentou para ver o pôr do sol. Os namorados Cristiane Sousa, 40, e Bráulio Leal, 46, escolheram o local espontaneamente para ar a tarde.
“As pessoas têm que se apropriar mais do espaço de lazer mesmo”, opina Bráulio. No entanto, os dois afirmaram que sairiam do local ao anoitecer devido à falta de iluminação. O espigão não tem postes instalados. “Não tem estrutura adequada, a obra precisa ser finalizada”, critica Bráulio. “Se tivesse [estrutura], teria mais frequentadores.”
No fim do espigão, um caminho de pedras leva os visitantes para ainda mais próximo do mar. A dona de casa Meire Lourenço, 31, visitou o local pela primeira vez neste domingo. Ela, o marido e o filho sentaram na área de pedras e contemplaram o mar por alguns minutos. “Aqui é calmo para trazer criança”, afirmou.
Os espigões da avenida Rui Barbosa e Desembargador Moreira são parte de um processo de concessão, por meio de parceria público-privada, para obras de requalificação e instalação de negócios de alimentação fora do lar. O processo, iniciado em 2020, ainda não foi finalizado.
Espigão da João Cordeiro 5f5v71
Os 640 metros do espigão da João Cordeiro estavam lotados de frequentadores no início da noite deste domingo. Com o público majoritariamente de jovens, a maior das estruturas da Beira Mar/Praia de Iracema é ponto de encontro e convivência da juventude moradora dos bairros próximos e de outras regiões da Capital. Vendedores ambulantes, músicas tocadas em diferentes caixas de som levadas pelos frequentadores e pessoas eando em triciclos compõem o cenário enérgico.
A manicure Vitória Fátima Dantas, 18, e o mecânico Ítalo de Lima, 24, foram ao local com o filho Kauê, de três anos, depois de tomarem banho de mar. Moradores da Barra do Ceará, o casal sempre encontra amigos quando vão ao espigão. Apesar da preferência, eles também apontam problemas estruturais. “Precisava de uma reforma, o negócio tá meio precário”, diz Ítalo.
O grupo de amigos da estudante Ana Beatriz Amaro, 18, também costuma se encontrar no espigão. Segundo ela, os jovens se reúnem também durante a semana. “Dia de semana é até melhor, menos lotado”, conta. Para João Pedro Reis, 23, amigo de Ana, visitar o espigão com o grupo é um “ritual”. Os amigos concordam que a infraestrutura do lugar precisa receber mais atenção.
“Colocaram luz agora, ou meses sem energia. Quem mora aqui até vinha à noite, mas quem não morava tinha medo”, relata Beatriz. Para Thamiles Carvalho, 27, a diferença entre o espigão da João Cordeiro e os outros é perceptível. “É como se tivesse saindo de uma cidade para a outra. Se tem algum problema, demoram muito para ajeitar”, afirma.
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