ONS libera conexão de dois data centers no Ceará ao sistema elétrico
São primeiros empreendimentos do tipo a serem integrados à rede básica de energia elétrica no Nordeste
O Operador Nacional do Sistema (ONS) deu parecer favorável para conexão de energia de dois data centers que serão instalados no Complexo do Pecém, no Ceará. São os primeiros empreendimentos do tipo a serem integrados à rede básica de energia elétrica no Nordeste.
Um deles será conectado à Subestação Pecém II (230 kV) e o outro à futura Subestação Pecém III (500 kV), cuja construção está condicionada à execução de obras previstas na 4ª Emissão do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE), publicada pelo MME em fevereiro de 2024.
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A previsão de conexão é a partir de janeiro de 2027. Conforme o ONS, os projetos representam uma carga significativa para o sistema elétrico da Região, mas esse incremento vem sendo monitorado de forma que não coloque em risco a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN).
“O ONS vem buscando formas seguras para atender os pedidos de o de grandes consumidores de energia. O crescimento do setor de data centers é importante para a economia do Brasil, em particular do Nordeste, pela expectativa de trazer muitos investimentos. Temos o compromisso de apoiar esse processo, respeitando os procedimentos e a confiabilidade do SIN”, afirma o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.
O ministro de Ministério de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou ontem que a iniciativa reforça o compromisso do Governo Federal em garantir a desconcentração dos investimentos em tecnologia e energia, com prioridade para regiões estratégicas.
A pasta ressalta que, no caso do Ceará, além da forte presença de fontes renováveis como a solar e a eólica, outro diferencial competitivo é a infraestrutura de cabos submarinos, que proporciona menor latência e maior estabilidade na transmissão de dados, o considerado fundamental para o funcionamento de data centers e aplicações em larga escala, como Inteligência Artificial e serviços digitais.
“Estamos trabalhando para que os avanços na infraestrutura energética e tecnológica cheguem a todas as regiões do país. O Nordeste, com sua riqueza em fontes renováveis e localização estratégica, é um exemplo de como podemos levar desenvolvimento econômico com sustentabilidade”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.
Entenda a polêmica
A decisão e o posicionamento do MME sobre o assunto - o primeiro mais assertivo desde que a conexão dos projetos de renováveis no Nordeste começou a ser negada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sob o argumento de que há um descomo entre oferta e demanda que pode colocar em risco o sistema - são avaliados positivamente pelos especialistas no setor.
Marília Brilhante, sócia da Energo Soluções em Energias, explica que a emissão de dois pareceres de o para data centers no Ceará pelo ONS representa um o concreto na consolidação do Estado como um hub digital e energético do País. “Temos condições climáticas favoráveis, disponibilidade energética renovável e localização estratégica. Com a infraestrutura de conexão adequada, o Ceará se posiciona como destino natural para investimentos sustentáveis em tecnologia e inovação”, avalia.
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O consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, reforça que há uma expectativa muito grande de crescimento de data centers no mundo todo e o Ceará é um ponto privilegiado para atração deste tipo de investimento.
Ele pondera que embora demande um grande consumo de energia e água, estas são questões que podem ser contornadas. No caso da energia, pelo fato de o Ceará ser um grande produtor de energia eólica e solar.
Quanto à água, Picanço reforça que esses projetos, de modo geral, já preveem tecnologia embarcada para garantir reuso:
“A questão do consumo de água é perfeitamente contornável porque esses projetos costumam prever processos de consumo de água em circuito fechado, ou seja, não deixa a água evaporar, é sempre reutilizada. Com esse tipo de tecnologia, o consumo de água a a ser pequeno, não muito diferente do de uma indústria, e não concorre com outros tipos de consumo de água”.