Bugueiros protestam contra obra na CE-025; veja vídeos

Bugueiros protestam contra obra na CE-025; veja vídeos

Implantação da CE-025, no trecho que liga a Prainha à Praia Bela, gera discordância entre bugueiros e prefeitura

A fumaça do fogo provocada pela queima de pneus e folhas de coqueiro dificulta a visão para a placa que sinaliza a obra do Governo do Estado do Ceará, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Trata-se do protesto de bugueiros contra a implantação da CE-025, no trecho que liga a Prainha à Praia Bela, na manhã desta terça-feira, 27.

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A manifestação acontece no Dia Nacional da Mata Atlântica, sendo a preservação do bioma brasileiro o motivo da reivindicação.

Em nota ao O POVO, a prefeitura indica que a construção da via representa um o fundamental para o desenvolvimento econômico e turístico do Município.

Segundo a gestão, é uma intervenção planejada, com todas as licenças ambientais estaduais da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) devidamente regularizadas, respeitando os critérios legais e técnicos exigidos pelos órgãos competentes.

"A manifestação registrada partiu de um grupo isolado de bugueiros, que não representa a totalidade da categoria, tampouco a opinião da maioria dos profissionais do setor turístico, que compreendem a relevância da obra para o fortalecimento da atividade na região", afirmou a prefeitura.

De acordo com a Superintendência de Obras Públicas (SOP), a implantação atende a uma demanda da população local, facilitando o o direto das localidades da Praia do Presídio, Prainha e Praias Belas à sede de Aquiraz e estimulando o turismo na região.

O informe indica que, atualmente, "os moradores e turistas da região percorrem cerca de 18 km para fazer esta travessia utilizando a CE-040".

O novo trecho da CE-025 também contemplará a construção da ponte sobre o rio Catú, com o objetivo de diminuir o tempo de percurso. 

A SOP ressalta que aguarda a licença de supressão vegetal para iniciar os trabalhos. A obra recebe investimento de R$ 19.998.000 do tesouro estadual e deve ser finalizada até agosto de 2026.

A Polícia Militar do Ceará (PMCE) informou em nota que foi acionada para "uma ocorrência de protesto que ocorria na rodovia CE-025".

"Ao chegarem ao local, policiais do Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) e do 15º Batalhão intervieram e, após diálogo com os manifestantes, houve a finalização do ato, com a dispersão dos presentes e desobstrução da via", acrescenta o informe. 

Qual a visão de quem mora em Aquiraz

Thieres Pinto, 43, mora há 15 anos na Cidade, mais especificamente na região do Catu. O biólogo diz conhecer muito bem a região por fazer caminhadas de exercício na área de floresta e dunas.

"[A obra] vai ar por cima das dunas, por dentro de uma área de Floresta Atlântica, com uma mata muito preservada, com muita espécie de fauna e com grande biodiversidade", lamenta.

Segundo o especialista, a mudança de paisagem vai gerar loteamento de condomínios no endereço. A área abriga espécies endêmicas, como a fruta baía azeda, encontrada apenas no Ceará e no Rio Grande do Norte.

De acordo com Thieres, por décadas, a Floresta permaneceu conservada devido à gestão militar, que restringia atividades como caça e desmatamento.

"A gente pede que todo mundo se manifeste, acorde, participe dessa discussão e desse debate", pede.

Além dos danos ambientais diretos, ele alerta para consequências indiretas, como a alteração da dinâmica eólica das dunas. Acrescenta ainda que a interrupção do fluxo natural de sedimentos pode impactar praias vizinhas, como Porto das Dunas, Prainha e Japão, favorecendo o avanço do mar e provocando erosão costeira semelhante ao que já ocorre em Icaraí.

A obra, segundo o crítico, beneficiaria grandes empresários em detrimento do meio ambiente e da economia local, baseada no turismo ecológico. Assim, há temor pela perda de empregos, especialmente entre bugueiros e trabalhadores que dependem da preservação da paisagem natural. 

O POVO procurou a Semace para mais informações. Até o fechamento desta matéria, não houve retorno. Ao o que for obtido, a notícia será atualizada. 

Não foi possível contato com a Associação Ecológica dos Bugueiros de Aquiraz (Aeba).

 

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meio ambiente

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