Cão de serviço é impedido de embarcar e voo para Portugal é cancelado
Animal seria levado do RJ para criança autista que está em Portugal há quase dois meses. O cão segue no Brasil porque a companhia aérea já havia recusado embarque em 8 de abril, quando a família se mudou para Lisboa
A companhia aérea portuguesa TAP teve um voo cancelado após a empresa se recusar a levar um cão de serviço, mesmo com decisão judicial determinando o transporte do animal. O avião deveria ter saído do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e tinha como destino Lisboa, capital portuguesa. Um gerente da empresa foi autuado pela Polícia Federal por descumprir a decisão da Justiça.
O cão de serviço chamado de Tedy deveria ter sido levado para uma criança autista de 12 anos de idade que está em Lisboa há quase dois meses. A empresa disse que o cachorro poderia ir no bagageiro, mas a ageira responsável pelo cachorro se recusou.
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O voo que levaria Tedy estava marcado para decolar às 15h40min desse sábado, 24. Um segundo voo da mesma companhia estava marcado para às 20h25min, mas acabou atrasando. O check-in dos ageiros da segunda aeronave só começou após as 23 horas.
O Certificado Veterinário Internacional (CVI) conseguido pela família, que autoriza o embarque do animal, vence neste domingo, 25.
Como não houve autorização para que a mulher embarcasse com o animal, após 12 horas de espera no aeroporto, eles acabaram voltando para casa. Na próxima segunda, 26, a família de Tedy deve entrar com novo pedido na Justiça.
Em nota ao g1 Rio de Janeiro, a TAP alegou que “a pessoa que necessita de acompanhamento do referido animal não realizaria a viagem neste voo de hoje. Sendo o animal acompanhado por ageira que não necessita do referido serviço”.
“A TAP lamenta a situação, que lhe é totalmente alheia, mas reforçamos que jamais poremos em risco a segurança dos nossos ageiros, nem mesmo por ordem judicial”, completou a companhia aérea.
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Cão de serviço impedido de embarcar: situação começou em 8 de abril
A confusão entre a família e a companhia portuguesa começou em oito de abril. Naquele dia, o pai, a mãe, a criança e o animal chegaram ao aeroporto para embarcarem para Lisboa, para onde o pai, que é médico, foi para trabalhar.
Na hora do embarque, a TAP recusou o embarque do cachorro.
O pai da criança entrou com uma ação na Justiça, relatando que a "separação forçada" entre a filha e o cão "resultou em prejuízos emocionais significativos para ambos".
A Justiça decidiu, em 23 de abril, que a TAP deveria transportar o cachorro. O juiz Alberto Republicano de Macedo Júnior, da 5ª Vara Cível da Comarca de Niterói, narrou que a companhia havia barrado a viagem de Teddy na cabine, mesmo com a família tendo apresentado toda a documentação exigida
O magistrado afirmou que a família cumpriu as exigências para o voo do animal, com "todos os requisitos istrativos e sanitários" de treinamento e certificação internacional do cão. Ademais, "há laudos médicos comprovando a condição clínica" da criança, conforme escreveu o magistrado na decisão.
Na decisão de abril, o juiz afirmou que a decisão da TAP era "indevida e abusiva". Ele ordenou que a TAP emitisse uma agem de ida e volta, em classe executiva, para Hayanne Grangeiro, irmã da criança, levar o animal a Lisboa. Também mandou que um oficial de justiça acompanhasse a irmã na nova tentativa de embarque.
A advogada Fernanda Lontra Costa, que representa a família, contou ao Uol que a companhia não deu os bilhetes. Segundo ela, a família acabou comprando as novas agens.
Na tarde do último sábado, 24 de maio, a TAP sugeriu que o cachorro viajasse no bagageiro, proposta recusada por Haynne.
Essa não seria a primeira vez que Tedy viajaria ao exterior. Ele foi treinado para viagens longas e já fez uma viagem com a criança autista para Orlando, nos Estados Unidos.