MG: policiais invadem casa "por engano" e matam cachorro da família
Segundo a tutora de Brutus, como o cão era chamado, a polícia tinha mandado de busca e apreensão contra um suspeito desconhecido por todos da família
Um cachorro da raça pastor alemão foi atingido por um disparo na cabeça durante uma ação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). O caso aconteceu nesta quinta-feira, 24, no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte.
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O tiro foi efetuado por um agente da corporação, que estavam no local para cumprir um mandado de busca e apreensão.
A corporação informou ao jornal Estado de Minas que a localização foi previamente identificada e, ao chegarem, as equipes se deparam com um portão de ferro aberto e diversos cães no interior do quintal.
“Durante a aproximação, observou-se que os animais apresentavam comportamento agitado. Com o intuito de preservar a integridade dos policiais e minimizar qualquer risco, foi utilizado spray de pimenta na tentativa de conter os cães. Apesar da medida, os animais não recuaram”, explicou a pasta em nota.
Segundo a nota enviado ao jornal mineiro, no momento em que um dos policiais empurrou levemente o portão para olhar dentro do imóvel, o cão saiu para a rua e investiu contra ele. “Diante da iminente ameaça, o agente efetuou um disparo, atingindo o animal, que infelizmente morreu”, informa.
“Prontamente, a equipe prestou os devidos esclarecimentos à família residente no local e apresentou o mandado judicial. Reforçamos o compromisso da Polícia Civil com a legalidade, o respeito aos direitos dos cidadãos e à integridade de todos os envolvidos em suas ações”, ressaltou a corporação.
“Eles foram totalmente despreparados”, afirma tutora do animal
A tutora de Brutus, Michelle Santos, 38, relatou ao portal O Tempo, que o cachorro se assustou no momento em que a equipe da PCMG arrombou o portão da residência.
Ela abriu a janela do quarto, e viu o cachorro latindo bastante, e que o pastor alemão avançou nos agentes com o intuito de proteger a família da invasão, momento em que sofreu um disparo de um dos policiais.
"Eles entraram armados e pediram para eu, meu marido e meus filhos colocarmos a mão na cabeça. Disseram que tinham mandado de busca e apreensão contra um suspeito desconhecido por nós”, relata.
“Falei para eles que todos ali em casa são trabalhadores, que não havia nenhum criminoso. Fui correndo ver o meu cachorro. Fiquei desesperada", relata.
Michelle conta que o cão, que tinha quatro anos, era dócil e o único escudo de proteção da família.
"É uma tremenda covardia. Eu vi tudo, não foi ninguém que me contou. É um sentimento de revolta muito grande e de impotência também. Eles foram totalmente despreparados. Todos estamos tristes e traumatizados com o fato", declarou a dona do animal.
Lei Sansão
A Lei Sansão (14.064/2020), que altera o decreto antigo — N° 9.605/1998 — aumenta as penas cominadas ao crime de maus-tratos aos animais quando se trata de cão ou gato.
A pena é entre de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Segundo O Tempo, o vereador e defensor da causa animal, Osvaldo Lopes (PSD), protocolou um ofício na Corregedoria-Geral da PCMG, solicitando a imediata apuração da morte do animal.
O parlamentar pediu a abertura de um procedimento investigativo sobre a entrada indevida na residência, a identificação e responsabilização dos agentes envolvidos na morte do animal e uma resposta formal sobre as providências adotadas.